Ao final do ano de 2021, num lugar de grande circulação de pessoas, houve uma situação atípica no estacionamento de um centro comercial.
Por volta de meio-dia, funcionários da limpeza avistaram uma caixa com lâmpadas fluorescentes quebradas e grande quantidade de sangue no chão do estacionamento do aludido centro comercial. Diante do fato, acionaram a supervisão a fim de comunicar o ocorrido.
Prontamente acionado, o supervisor, acompanhado do encarregado, interpelaram o funcionário da limpeza que detectou a poça de sangue que estava na localidade. Foi perguntado ao funcionário se tinha visto alguma movimentação estranha no local, porém a resposta de imediato fora que nada tinha sido visto. No local fora encontrado uma carteira com diversos documentos, entre eles, uma habilitação que possui fotografia.
Com o documento de habilitação em mãos, o supervisor perguntou aos funcionários da limpeza se conheciam o proprietário da carteira. Diante da pergunta, todos que estavam no local, identificaram que o “dono” da carteira que continha a habilitação era supostamente conhecido como “TUCO”.
Imediatamente a supervisão fez contato por mensagem de WhatsApp com o suposto proprietário da carteira, que respondeu posteriormente,
relatando que um “amigo” havia se cortado com lâmpadas fluorescentes durante a coleta de material reciclável no estabelecimento do grande centro comercial. Diante de tais narrativas, declaradas pelo suposto proprietário da aludida carteira, o caso fora inicialmente encerrado Haja vista que
“TUCO” informou que seu amigo fora encaminhado ao hospital e fora devidamente assistido. “TUCO” marcou com a supervisão do centro comercial para pegar “sua carteira”, pois continha seus documentos.
Vale ressaltar que “TUCO” trabalha coletando material reciclável neste grande centro comercial faz cerca de 10 anos e muitos colaboradores o conheciam, haja vista que sempre se passou por uma pessoa de bom trato com todos. Na noite do fato, “TUCO” compareceu na supervisão do estabelecimento comercial e pegou sua carteira que supostamente havia deixado no local onde seu “amigo” havia se cortado.
Posteriormente ao ocorrido, uma família fez um registro de desaparecimento de FULANO DE TAL. O caso ganharia proporção na grande mídia carioca,
onde um pai de família havia desaparecido, deixando filhos e esposa. O suposto desaparecido trabalhava num ferro velho e nos períodos de folga, recolhia sucata para complementar sua renda.
Foram dois fatos que aparentemente não tinham qualquer tipo de ligação.
Diante disso, uma investigação de desaparecimento foi iniciada. Com a ajuda da família do desaparecido, foi detectado que o suposto desaparecido, através de seu aparelho celular, fora registrado sua última localização nos arredores do grande centro comercial.

Foi feito contato com o empregador do suposto desaparecido a fim de traçar o perfil dele. Conforme declaração do empregador, o suposto desaparecido era bem-quisto em seu local de trabalho e possuía uma conduta ilibada. Ninguém tinha nada de mal para falar dele.
Diante da repercussão na mídia, a supervisão do estabelecimento comercial entrou em contato com o responsável pela investigação e informou o ocorrido, dias antes, quando uma pessoa havia se ferido no estacionamento do aludido centro comercial.
Com as informações colhidas junto a supervisão do grande centro comercial, foi constatado que o suposto desaparecido estava no local onde fora encontrado grande quantidade de sangue e que “TUCO” se fez passar pelo mesmo quando pegou a carteira dizendo que era sua, além de informar que seu amigo havia se machucado com lâmpadas fluorescentes que quebraram. Este tinha a intenção de que nada fosse averiguado.
Por qual motivo isso ocorreu? Ficou claro quando o documento de habilitação do até anteriormente desaparecido foi confrontado com a imagem de “TUCO”, pois os dois guardam extrema semelhança, tanto em altura quanto em aparência.
Neste momento, teríamos que coletar informações a fim de confirmar que “TUCO” estava no centro comercial no horário do ocorrido juntamente do desaparecido.
A investigação procedeu e posteriormente um corpo apareceu numa área fluvial. Através de perícia especializada, foi constatado que o corpo era do desaparecido, que tinha sua última localização constatada nos arredores desse grande centro comercial.
Diante de tais confirmações, ficou claro que algo de grave ocorreu nesse grande centro comercial e que “TUCO” e o desaparecido estavam no local onde fora encontrado grande quantidade de sangue.
Foram ouvidos diversos colaboradores do aludido centro comercial. Todos colaboraram. Um desses colaboradores informou que teve contato com “TUCO” no dia do fato, pois num local diverso de onde encontraram uma grande poça de sangue, “TUCO” estava parado com sua motocicleta e ao avistar
o colaborador que fazia a irrigação dos jardins do centro comercial, “TUCO” pediu a mangueira de irrigação para que pudesse limpar um local que estaria com muito sangue, pois seu “parente” havia se cortado com uma lâmpada. Como “TUCO” era conhecido por todos, o aludido colaborador emprestou o
equipamento para que a limpeza fosse realizada.
Através de investigação interna, devidamente orientada pela supervisão com total apoio do investigador responsável, foi confirmado que “TUCO” entrou
no centro comercial momentos antes do desaparecido com uma motocicleta.

O desaparecido entrou no estacionamento do centro comercial com um veículo momentos depois, acompanhado de um homem não identificado.
Posteriormente, “TUCO” fora identificado evadindo-se do centro comercial dirigindo o veículo que o desaparecido entrou anteriormente e o homem não identificado, saiu pilotando sua motocicleta. Ficou claro pelas imagens detectadas que o casaco do homem não identificado que estava pilotando a motocicleta, estava com vestígios de sangue. Notou-se também que a lateral do veículo estava com diversas manchas de sangue, as quais foram detectadas pelas imagens.
A investigação prosseguiu e a prisão de “TUCO” foi consumada cerca de 3 meses após o fato.
Pontos Positivos – A repercussão do caso na mídia televisiva proporcionou a divulgação da imagem do “desaparecido” o que chamou a atenção da Supervisão da Segurança do referido estabelecimento e possibilitou uma comparação das imagens da foto do documento encontrado com a divulgada na matéria. Após confirmar,
através dos dados, que os documentos encontrados não pertenciam ao “TUCO” a supervisão de segurança do estabelecimento imediatamente buscou apresentação do caso na especializada que, a partir de então iniciou procedimento de investigação. A ação conjunta, atrelada a uma busca conceitual e direcionada dos fatos, combinados com a coleta de dados, informações e imagens do local do fato, possibilitaram o maior êxito na elucidação da ocorrência e posterior expedição de mandado de prisão do “TUCO”.
Pontos Negativos – Inexistência de controle de acesso e cadastro de prestadores de serviço. Falha no processo de condução da ocorrência inicial, visto que o “achismo” e falta de informações – ninguém sabia, até então o nome do “TUCO”, influenciou diretamente para que a situação fosse conduzida de forma equivocada e tratada apenas como um mero “acidente de trabalho”, quando na verdade foi esclarecido que se tratava de um caso de maior gravidade. Falta de um Plano de Segurança, que determina
exatamente como tais situações e suas atipicidades devam ser conduzidas. Inexistência de uma Consultoria de Inteligência que pudesse de imediato identificar vertentes,
com um ponto de vista mais conceitual e profissionalmente direcionado para as demais possibilidades que não a imediatamente e viciosamente adotada pela equipe local e ainda que pudesse identificar e sugerir medidas preventivas e corretivas para o fato em específico.

Ações de Melhorias:
● Diagnóstico de Segurança através de assessoria especializada com foco em identificação da melhor solução para o negócio;
● Criação e implementação de um Plano de Segurança – definindo ações a serem adotadas em caso de identificação de um sinistro ou fato atípico; 
● Treinamento dos pontos focais quanto ao comportamento ante a identificação de uma atipicidade;
● Criação e Implementação de PNP – Plano de Normas e Procedimentos
● Consultoria de Inteligência com foco em levantamento de histórico de todos os colaboradores e prestadores de serviço;
● Criação de cadastro consultivo de colaboradores e prestadores de serviço;
● Assessoria de Segurança e Inteligência para apoio, direcionamento e condução de situações de crise.